A ideia do Fã Clube nasceu em agosto de 2010. A escolha do nome foi feita com a participação de alguns fãs da Adriana, que deram sugestões. Essas sugestões foram impressa pela presidente do fã clube e enviadas para a Adriana, que escolheu o nome de seu fã clube entre os nomes sugeridos pelos fãs. Dia 25 de setembro de 2010 foi criado o Blog do FC.
A voz, doce e serena, do outro lado da linha, em nada remete à tensão de
Thelma, à amargura deLaureta, à inveja de Inês, à histeria de
Carminha... e tantos outros tons de personagens malvadas e/ou
desequilibradas já vividas por Adriana Esteves
em seus 32 anos de teledramaturgia. Aos 51, a atriz não crê que seja
uma boa ideia rotulá-las como vilãs. “Acho até um desrespeito chamá-las
assim”, afirma, já protegendo sua protagonista em “Amor de mãe” de um
possível “apedrejamento”, na fase final da novela, que começa a ser
exibida nesta segunda-feira (15) na Globo. Regina Casé, a Lurdes da
trama, já adiantou à Canal Extra que, perto da nova Thelma, Carminha é
“uma fofa”. A mulher que criou Danilo (Chay Suede) será capaz de fazer o
impensável para uma mãe, justamente a fim de manter este título e
esconder da nordestina que o rapaz, na verdade, é Domênico, seu filho
perdido.
Nesta entrevista, Adriana se confessa um tanto quanto controladora
com sua prole de três (Agnes, de 23 anos; Felipe, de 21; e Vicente, de
14); entrega curiosidades sobre a convivência em família, nesta época de
distanciamento social; comenta o sensível retorno ao trabalho durante a
pandemia do coronavírus; demonstra orgulho da parceria com Vladimir Brichta, de 45 anos, na vida e na carreira; e, ausente das redes sociais
por opção e convicção, opina sobre “cancelamento”, termo contemporâneo,
de efeitos devastadores há tempos.
Como foi ver Thelma de volta à TV, com a exibição do compacto de “Amor de mãe”?
Fiquei
emocionada. Estamos todos tão à flor da pele, que eu achei tudo mais
bonito, gostei mais ainda. No primeiro dia (1º de março),Vlad eAgnes
estavam gravando (pai e filha estão no elenco de “Quanto mais vida,
melhor”), Felipe não estava aqui em casa e Vicente ficou absorvido pelo
jogo com amigos no computador. Assistimos eu e meu cachorrinho com os
amigos da novela, no grupo do WhatsApp. A gente combinou de cada um
mandar uma foto do momento. Eu me arrumei toda para sentar em frente à
TV (risos)! É um trabalho belíssimo, de qualidade. Nós, brasileiros,
estamos precisando ver coisas lindas na televisão, que tem sido uma
ótima companhia. Fico envaidecida e orgulhosa de poder cuidar das
pessoas com o meu trabalho.
Dentro dos protocolos de segurança no retorno aos estúdios para gravar as últimas cenas, o que causou maior estranheza?
A máscara não nos permitia ter a leitura labial. Dava vontade de pedir
para a pessoa tirar, para ver qual era o grau de expressão no rosto
dela. Essa experiência foi muito difícil. Já a placa de acrílico
permitia extravasar, chegar mais perto. Fica meio frio fazer carinho e
brigar a distância.
Os 23 capítulos finais foram mais emocionantes de gravar do que os 102 anteriores, por todas as circunstâncias?
Com
certeza! A equipe inteira estava sensibilizada. Todos honrando o seu
trabalho, mas com medo. Sair de casa é um risco, só por muito amor e
necessidade. Não é fácil gravar na pandemia.
Do que sentiu e sente mais saudade nesses tempos de distanciamento social?
Pensando
no coletivo, tenho saudade de ver as pessoas felizes do jeito que elas
merecem ser. Felizes e livres. Senti falta do abraço no trabalho. Nesses
oito meses em que gravamos a novela, nos tornamos uma família. Somos
afetivos e, depois de um final de semana em casa, voltávamos na
segunda-feira querendo trocar, se acarinhar. Lamento muito também não
poder conviver direito com meus pais (o médico aposentado Paulo Felippe,
de 79 anos, e a professora aposentada Regina, de 77). A gente dá um
jeito, conversa pela internet, manda comida gostosa um para a casa do
outro, mas... Quando peguei os dois para passarem um fim de semana
comigo, estava todo mundo testado, de máscara, mandando beijo de longe.
Thelma, no início da novela, chorou muito. Você tem facilidade para se emocionar?
Essa
é uma característica forte minha. Eu sou muito emoção. Meu filho
Vicente é igualzinho. Quando pequeno, ele não ficava bem com isso. E eu
expliquei que pode ser bom e bonito ser assim. Em cena, eu não choro
simplesmente sob o comando do diretor ou por que o texto manda. Mas,
sim, porque ali tem uma verdade que me emociona.
Nessa fase final, o jogo vira, e será Thelma quem fará muita gente chorar, mostrando sua faceta vilã, né?
Ah,
não é bem assim... Ela será capaz de tudo para preservar o filho, não
admite abrir mão do título de mãe. Mas as loucuras são passionais. Se
bobear, ela faz as maiores atrocidades chorando, entra em total
desequilíbrio. Só vendo!
Então você não a considera vilã?
Não, não. E, se você perguntar a respeito de personagens que fiz
anteriormente, que ficaram bastante conhecidas, também digo que não são
vilãs. Na hora em que me dão aquele papel, vira uma pessoa pra mim. Eu
acredito que aquele alguém existe, que representa milhares de outros.
Vilã, na minha cabeça, é algo tão estereotipado! Acho até um desrespeito
com minhas personagens chamá-las assim.
Mas Thelma mereceria um castigo?
Eu
acho que ela merecia conseguir se encontrar, porque sofre muito. Tem
uma dor grande, é triste, precisava evoluir. Eu queria muito que todo
mundo pudesse crescer, melhorar. Mas, para algumas pessoas, isso parece
tão difícil, né? Para ela, também.
Além de superprotetora, Thelma é uma mãe muito controladora. Você já se pegou fazendo o mesmo com Felipe, Vicente ou Agnes?
Já, não posso mentir. Sou controladora também (risos)! Quer um exemplo?
Eu comecei a gravar “O cravo e a rosa” (2001) antes de terminar a
licença-maternidade do Felipe. Deixava as três mudas de roupa que meu
filho trocaria durante o dia prontinhas, para a babá colocar nele as que
eu queria. De três em três ceninhas, eu telefonava para saber como
estava tudo. É muito controle, mas também é amor. Ainda mais com o
primeiro filho, né? E até hoje, com os três já crescidos, ainda sou meio
assim. Mas tento entender até onde posso ir, quando está sendo nocivo a
eles. Não tenho problema com tatuagens, cabelos coloridos, nada disso.
Eu curto e me divirto. Acho que sou mais controladora com qual faculdade
vão fazer, se estão sendo bons alunos...
Os três enveredaram por carreiras artísticas, como os pais?
Agnes
está se formando em Psicologia, fez Tablado, faz CAL (Casa das Artes de
Laranjeiras) e foi selecionada para essa novela das sete, com o Vlad.
Felipe é cantor e faz Direito. Vicente está no 9º ano na escola e é
cheio de talentos artísticos. Ele é igual ao pai, um comediante nato.
Aliás, é a mistura da mãe com o pai: chora e faz rir com facilidade.
Também é gamer e se interessa por fotografia. Era preciso um assistente
para o ensaio de fotos remoto da sua matéria. Então, bati na porta do
quarto dele e pedi ajuda. Ele ficou durante 1h20 seguindo as diretrizes
do fotógrafo, posicionou muito bem as câmeras. Eu morri de orgulho! Se
um dia Vicente virar fotógrafo, já tem no currículo que ajudou na capa
da Canal Extra (risos)!
Assim como Danilo não é filho biológico de Thelma, Agnes chegou pronta para você, é uma filha do coração...
Antes
de engravidar do Felipe, tentei por quase seis anos ser mãe e não
conseguia. Eu e o pai dele (o ator Marco Ricca) estávamos pensando em
adotar. Depois, eu me separei do Marco. Quando conheci Vladimir, ele era
viúvo e já tinha a Agnes. Meu namoro com Vlad foi ficando sério, e
naturalmente ela se tornou uma filha pra mim. Ainda tivemos juntos o
Vicente. Os três, biológicos ou não, são meus filhos, não tem nenhuma
diferença.
Agnes sempre a chamou de mãe?
Eu nunca a
deixei me tratar por “tia”. Ainda pequena, ela me chamava de Dri. Um
dia, ouvindo Felipe gritar “mãe” o tempo todo, ela falou igual. Ficou
muito sem graça, e eu a tranquilizei: “Se você quiser, pode me chamar
assim, eu sou a mãe da casa”. Acho que era o que ela queria ouvir. Eu
luto muito para corresponder ao amor que a mãe daria a ela. Gostaria que
ficasse satisfeita com a forma com que eu cuido da Agnes junto com o
Vlad. Mas preciso dizer que ser mãe de um filho de Vladimir é muito
fácil. Ele é um apaixonado pela criação. Vlad, aqui em casa, é sinônimo
de um grande cara. E ele ainda tem uma harmonia muito bonita com Marco
Ricca, que é um excelente pai para Felipe.
Quando você chegou na vida do Vladimir, ele já tinha resolvido a situação da guarda de Agnes?
Quando
eu o conheci e ainda éramos colegas de trabalho, não. Mas, antes de a
gente começar a namorar, ele já tinha conseguido a guarda. Acompanhei
tudo de perto, e como amiga eu o ajudei na luta para ter sua filha. Foi
uma grande injustiça, felizmente revertida cedo. Agora ela está aqui
linda, bem criada, em harmonia com a família da mãe biológica, com a avó
materna...
Você fala do Marco Ricca com amizade e carinho. Deve ter sofrido com a internação e intubação dele por Covid, em dezembro...
Chegamos
ao desespero de achar que ele não sobreviveria. Ele tem duas filhinhas,
a esposa dele, Luli (Miller, atriz) está grávida... Ele não é só o pai
do Felipe, mas um grande homem. Nossas famílias são muito próximas. Foi
um susto horroroso.
Um pouco antes, Vladimir também foi diagnosticado com a doença, né?
Sim,
Vlad foi diagnosticado, mas, graças a Deus, sem sintomas. Felipe e a
namorada, Flavinha, também. Mas eu, Vicente e Agnes não pegamos. Nos
isolamos, com todos os cuidados de higiene. Não dá pra brincar de roleta
russa.
Quais foram as suas válvulas de escape durante a quarentena?
Eu
fiquei muito dona de casa. Não cozinho muito bem, mas consigo me virar.
A gente se revezou para limpar e organizar a casa, aguar as plantas...
Na hora do lazer, jogamos xadrez, vemos séries e filmes, juntos e
separados. Procuramos levar uma vida mentalmente saudável.
Sua relação com Vladimir se fortaleceu, nessa convivência 24 horas por dia?
A
gente sempre foi muito parceiro. Formamos uma “duplona”. A gente pensa
muito parecido em relação a tudo. Ficamos preocupados com nossos filhos,
tentamos propiciar um equilíbrio dentro de casa: não criar fantasmas
onde não existem, dar o tamanho real para o que é grave, fazer com que
estejam fortes. A gente procurou regular horário para dormir, ficamos
atentos a dar bons exemplos. E ter alegria, bom humor no dia a dia.
Vocês fizeram 15 anos de casados agora. São um dos casais mais duradouros e queridos do meio artístico. Percebem esse carinho?
Fizemos
15 anos de casados no dia 11 de fevereiro. São 17 juntos, no total.
Ficamos muito felizes que gostem e torçam por nós, é claro. Mas, no
trabalho, não pensamos como casal. Sempre tivemos o cuidado de garantir
as nossas individualidades, as identidades artísticas de cada um.
Já fizeram alguns trabalhos juntos. Chegaram a contracenar em “Amor de mãe”?
Fizemos
as novelas “Coração de estudante” (2002) e “Kubanacan” (2003), o filme
“Real beleza” (2014), a série “Justiça” (2016), as novelas “Segundo sol”
(2018) e, agora, “Amor de mãe”. Este é o nosso sexto encontro. Thelma e
Davi tiveram um diálogo rápido, no galpão. Em “Justiça”, acho que a
gente não contracenou. Ele estava lindo, fazia par com Jéssica Ellen,
que é meu xodó e hoje é minha nora na novela (risos). Quando eu e Vlad
estamos no mesmo projeto, podemos organizar direitinho as férias juntos.
É bom por isso.
Você não tem perfil em redes sociais. Nunca teve curiosidade?
Cada
um sabe o que já passou na vida e como quer continuar a construir sua
história. Eu não daria conta, e não acho que isso seja um demérito. Se
você não dá conta de algo, é melhor não fazer. E quando eu digo “não dar
conta”, é emocionalmente. Isso consumiria um espaço em mim que eu não
tenho disponibilidade pra dar.
Ignorar esse universo é uma bênção?
Não ignoro
tudo. Eu leio notícias pela internet, só não estou nas redes sociais.
Assim, não fico bisbilhotando a vida dos outros e nem permito que tenham
acesso a intimidades minhas. Quando querem que eu veja alguma coisa
fofa que postaram, os amigos me mandam por WhatsApp. Acho lindo! E as
coisas mais nocivas, as pessoas elegantes me poupam. Fico só com a parte
boa (risos).
Karol Conká disse ser a “nova Carminha” quando saiu do “Big
Brother Brasil 21”. Quando você soube dessa fala dela, afirmou que não
se sentia apta a comentar, porque não acompanha o reality. O tema que
essa edição tem suscitado é o “cancelamento”. Algo que acontece
constantemente nas redes sociais...
Eu tenho um nervoso
desses nomes da moda... Agora é “cancelamento”. A gente vê tanta
grosseria, tanta deselegância, tanta falta de cuidado com o próximo!
Estamos vivendo um momento tão maior que isso! Era para todos terem mais
empatia, mais amor, menos julgamento. Talvez sejam coisas desse tipo
que me tirem das redes sociais. Eu não acho que a gente tenha que dar
opinião sobre tudo. Você tem, sim, que ter sua opinião, mas não precisa
emiti-la. Para algumas coisas, a gente nem tem conhecimento suficiente.
Por exemplo, o “Big Brother Brasil”. É um fenômeno social, não tenho
dúvida. Tanto que é muito falado, muito discutido. Mas existe o gosto
particular. Não é o tipo de programa que me atraia. Na verdade, me dá
até um certo sofrimento ver aquelas pessoas expostas ali.
Você sofreu uma espécie de “cancelamento”, na época da novela
“Renascer” (1993). Reerguer-se foi mais difícil do que construir a
carreira do zero?
Com meus 20 anos, talvez eu não tenha
tido humor para entender que um jornalista brincava com a protagonista
da novela das oito, produto muito visto e importante. Mas o trabalho da
gente está aí para ser criticado, sendo bem ou mal falado. Talvez seja
mais fácil para mim conversar sobre isso com você com meus 50 anos. Deve
ter havido um folclore de que eu sofri quando não fui elogiada no
início da minha trajetória de atriz. Isso pode ter acontecido, mas não
tem tamanho. O importante é a trajetória de uma mulher que trabalha pra
caraca, anos e anos a fio. E que, felizmente, tem trabalhos muito
bonitos para serem apresentados.
Carminha
é um sucesso arrebatador da sua carreira. Mas pouca gente lembra que
você interpretou a icônica Nazaré Tedesco na fase mais jovem, dividindo a
personagem com Renata Sorrah em “Senhora do destino” (2004)...
É que foi por uma semaninha só (risos). E foi lindo, porque eu e Renata
somos meio almas gêmeas. Amo ter dividido uma personagem com ela! A
gente já foi mãe e filha duas vezes, em “Pedra sobre pedra” (1992) e em
“Segundo sol”.
Por que acredita dar tão certo nesses papéis de mulheres desequilibradas?
Eu tenho a sorte de ser convidada para personagens muito bem escritos. E muito diferentes.
Do drama ao humor, inclusive. Celinha, de “Toma lá, dá cá”, voltou à Globo, aos sábados.
Não sabia que estava reprisando de novo... O “The voice+” é aos domingos, né? Adoro!
O que ainda falta viver na carreira, que começou no posto de apresentadora, e não de atriz?
Ah,
eu ainda vou viver muito, amor, estou só na metade! Vem muita Carminha,
muita Thelma, muita louca por aí. Também posso ser centrada, posso ser
serena... Eu faço de acordo com as oportunidades. Dentro de mim tem um
pouco de tudo.