Morde & Assopra: Outro acerto do mestre Walcyr Carrasco sexta-feira, 25 de março de 2011 por jorge brasil

O que se esperar de uma novela que mistura robótica com dinossauros? E de uma trama que bota uma família de caipiras em contraste com cientistas e exploradores? Uma esculhambação só, nāo é? Pois Walcyr Carrasco mostra que é mesmo o Paulo Barros das novelas e tem conseguido, na primeira semana de Morde & Assopra, um milagre digno dos desfiles da Unidos da Tijuca: unir perfeição com empolgação.


O primeiro capítulo foi uma aula de eficiência. Walcyr conseguiu apresentar seus principais personagens de forma clara e, ao mesmo tempo, muito divertida.  E ainda soube casar direitinho o universo tecnológico de Ícaro (Mateus Solano), com o mundo pré-histórico de Júlia (Adriana Esteves) e a vida simples, porém tumultuada, de Abner (Marcos Pasquim) e sua família. Só em ter fechado a estreia exibindo o nascimento da paixão do fazendeiro e da escavadora, sob os olhares furiosos da vilã Celeste (Vanessa Giácomo), já foi um golpe de mestre.


Em três capítulos caí de amores por Zarigum, o robozinho do Ícaro, e também por Coração, a vaquinha de Tonica (Klara Castanho), e por Dragão, o vira-lata de Abner. E tenho certeza de que vou me emocionar muito com a devoção do cientista em recriar a falecida esposa, Naomi (Flávia Alessandra) num androide de última geração. Para isso, conto com o talento de Mateus e Flávia. Ele é de uma versatilidade assombrosa e está fazendo um Ícaro charmosíssimo, do tipo que as meninas querem botar no colo e levar para casa. 


Adriana Esteves e Marcos Pasquim vem e reproduzem as brigas de Catarina e Petrúchio em O Cravo e a Rosa, novela de Walcyr exibida em 2000, com uma vital diferença: Eduardo Moscovis (o Petrúchio) é um ator completo e cheio de nuances, enquanto Pasquim é bem limitado. Nas mãos de Moscovis, ou de outro profissional com mais recursos, Abner seria ainda muito mais interessante. Mas, mesmo assim, o caipira certamente vai cair nas graças do publico. E Adriana é talentosa da cabeça aos pés. Adoro ela!


No restante do elenco, destaque para Vanessa Giácomo, Klara Castanho, Elizabeth Savalla, Cássia Kiss e Ary Fontoura. Bárbara Paz está ótima com a dissimulada Virgínia e Paulo Vilhena, de quem nunca gostei, está surpreendemente bem como o gago Cristiano.


Na direção, Rogério Gomes tem dado um show. As cenas do terremoto no Japão foram muito bem executadas, mérito também da equipe de efeitos especiais, mas Rogério tem exibido muita categoria em todas as sequências. Merece destaque ainda a bela homenagem ao povo japonês, exibida como um prólogo do primeiro capítulo, depois de todo o sofrimento enfrentado por eles com o terremoto/tsunami/explosão na usina atômica…


O único ponto negativo da novela até agora é abertura. Graficamente é ótima. O desenho da robozinha com o dinossauro é muito legal, mas ele pedia uma canção bacana e não uma mera trilha. Dá tempo de mudar, viu! Fora isso, Morde & Assopra chegou com garra, leveza e alegria para assumir o lugar de um sucesso estrondoso como Ti-Ti-Ti.


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